sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Usamos hoxe estas expresións? Recoñecémolas???

"Leva todo o día a comer no caldo"
"Non andes a regalar neles"
"Ela a ler no libro e a nós nin caso nos fixo".

Máis vídeos

Ola!!! Hai persoas que me envían outros vídeos de interese sobre os temas que andamos a tratar. Entre eles, xa que lemos na clase algo del, está o de Séchu Sende (http://www.youtube.com/watch?v=W7PzMxD0H9g). Un dos vídeos máis interesantes (algo longo, si, mais pode verse fragmentado) sobre o tema das actitudes sobre o galego entre a xente nova é Linguas cruzadas, que se emitiu na TVG o 17 de maio de 2007. Quizais algunhas persoas xa o vistes. Velaí vai a ligazón: http://video.google.com/videoplay?docid=-7399630610169788180#

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O conto en portugués

O Velho Firmino rondava-nos vagamente por ali, sempre absorto, extraviado, soprando no ar ensopado misteriosas ladainhas. Eu via-o descer as escadas tropeçando em aliterações:


“E fria, fluente, frouxa claridade
Flutua como as brumas de um letargo.”

Uma espécie de escuridão escapava-se dele, como de um abismo, enquanto declamava Cruz e Sousa:

“Vozes veladas, veludosas vozes,
volúpias dos violões, vozes veladas
vagam nos velhos vórtices velozes
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”

A Fernando Pessoa, esse, amava-o ainda com maior fervor. A ele e a toda a sua legião de heterónimos. Rezava-os:

“Mas em torno à tarde se entorna
A atordoar o ar que arde
Que a eterna tarde já não torna!
E em tom de atoarda todo o alarde
Do adornado ardor transtorna
No ar de torpor da tarda tarde.”

Eu deixava-me afundar no ar de torpor da tarda tarde. Estendia-me numa das redes e logo caía num sonho rápido, em algum lugar ainda mais a sul, entre torrentes de água fria, sob um céu nu e metálico, nalguma praia de veludo refrescada pela brisa salgada do mar. Despertava minutos mais tarde, encharcado em suor, louco de sede, sufocado por aquele ar de ácaros, saía pela porta aos tropeções, cruzava a rua, e desfalecia de bruços no balcão do bar em frente, implorando pelo amor de Deus uma cerveja estupidamente gelada.

Chegara ali como um náufrago, de mochila às costas, e logo me fascinara o improvável alfarrabista, ou sebo, nome mais comum no Brasil, ocupando por inteiro os dois andares de um fatigado casarão colonial. Se eu fosse alfarrabista teria imenso trabalho para organizar a minha loja de forma a que parecesse naturalmente desorganizada. Um alfarrabista organizado, metódico, sugere-me algo vagamente monstruoso, capaz de ofender a ordem natural das coisas, um pouco como um lagarto com duas cabeças, um advogado ingénuo, um general pacifista. A maioria das pessoas que frequentam alfarrabistas gostam de pensar que caminham entre o caos, e que em meio àquele grave e silencioso tumulto podem, de repente, tropeçar na primeira edição d´ Os Lusíadas, ao preço de um romance de Paulo Coelho. Houve um tempo, romântico, em que essas coisas podiam realmente acontecer. Um tempo em que os alfarrabistas ainda respeitavam a desordem. Os novos profissionais desta área são, desgraçadamente, muito bem informados e ainda melhor organizados. No sebo do Velho Firmino Carrapato, porém, a desordem era legítima e muito antiga. Três gerações de Carrapatos haviam contribuído com o seu demorado labor para aquele esplêndido caos. Os livros multiplicavam-se, empilhados pelo chão, ou desalinhados por metros e metros de incertas estantes em alumínio, sem outra lógica que não fosse a da sua chegada ali. O Velho Firmino dispusera cinco ou seis redes amarradas às colunas, junto às largas portadas abertas para a rua, de forma que era possível folhear os livros com alguma comodidade, rezando para que a brisa da tarde fosse capaz de abrandar o calor, sim, mas não forte o suficiente para transformar em irremediável pó, pura poeira erudita, os papéis antigos.

Firmino gostava de mim. Estranhara ao princípio o meu sotaque – de onde vinha eu? Angola?! –, olhara-me perplexo:

“Na África?! E lá falam português?...”

Disse-lhe que sim, que falávamos português, tal como muita gente em Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor, e, é claro, em Portugal. Não, isso não, contestou o velho, em Portugal não. Os portugueses já mal falam português. Na verdade, acrescentou, nem sequer se pode dizer que falem, isso carece de demonstração. Ele vira, meses atrás, um filme português e não compreendera uma única palavra. Os actores emitiam uns vagos murmúrios, mantendo a boca fechada, como se fossem ventríloquos, com a diferença de que os bons ventríloquos falam pelo próprio umbigo, ou o alheio, falam pelos cotovelos, falam inclusive pela boca fechada de um português, e sempre com relativa clareza. Argumentei, já um pouco irritado, que isso tinha a ver com a deficiente qualidade técnica do som dos filmes portugueses, bem como, é certo, com a má dicção de alguns dos actores, e depois dei o braço a torcer, e concordei que sim, que os filmes portugueses deviam ser exibidos com legendas, não apenas no Brasil mas também em Portugal. Estávamos nisto quando, sereno como um milagre, entrou na loja um português. Era um homem franzino, e no entanto sólido e elegante, com o crânio rapado, uma barbicha rala, bem desenhada, uns óculos de aros redondos, em prata, que deviam ser herança de algum remoto antepassado.

“Boa tarde! Posso entrar?”

Também ele falava sem abrir a boca, mas parecia simpático, de forma que o chamei, apresentei-lhe o alfarrabista, e em breves palavras dei-lhe conta da nossa querela. Um pequeno clarão iluminou os óculos do português e ele sorriu. A questão recordava-lhe uma tese que Agostinho da Silva defendia. Talvez a tese de Agostinho nos parecesse um tanto bizarra e sem suporte científico – mas era poética. Disse isto e ficou muito sério:

“A poesia acerta mais do que a ciência. Na natureza, por exemplo, a beleza é utilitária, isto é, não existe no universo fulgor sem serventia. Se os cientistas fossem à procura da beleza ao invés da funcionalidade chegariam mais depressa à funcionalidade.”

Segundo Agostinho da Silva as línguas afeiçoam-se às geografias que colonizam. Num horizonte amplo, desafogado, o sotaque é mais aberto, e numa paisagem fechada ele tende a fechar-se. Assim, no Brasil, em Angola ou em Moçambique as pessoas falam a nossa língua abrindo mais as vogais, e nos Açores, na Madeira, em Portugal continental, mas também em Cabo Verde, fecham-nas.

Foi assim, através da poesia, que o português conquistou o árduo coração de Firmino Carrapato. Naquela tarde fossou tranquilamente pelos salões, sem pressa, não hesitando em desfazer e refazer as pilhas poeirentas. Quando a luz já começava a declinar chamou o velho. Firmino foi estudando com vagar os livros que o português escolhera. Lia alto o título, via o estado da lombada, sopesava-os. Um deles, um grosso volume ricamente encadernado, pareceu intrigá-lo:

“Discurso sobre o Fulgor da Língua? Foi um doutor daqui, do Maranhão, que escreveu isso, mas nunca ninguém o leu. Tem a certeza que quer levar?”

O português assentiu com a cabeça. O velho murmurou qualquer coisa (pareceu-me reconhecer um verso de Pessoa) e depois encolheu os ombros:

“Tá bom. Esse eu ofereço...”

Uma semana depois dei com o português sentado num bar de rastafáris. Estava feliz como um rio. Antes que eu lhe perguntasse alguma coisa mostrou-me um papel:

"Quem achar este bilhete queira por favor dirigir-se ao meu advogado, em São Luís do Maranhão, com o exemplar do livro onde o encontrou”. Vinha depois o nome e o endereço do advogado.

O português sorriu:

“Você não vai acreditar: herdei um casarão em Alcântara!”

O bilhete fora escrito pelo autor do grosso volume que o Velho Firmino lhe oferecera. O infeliz falecera anos atrás, desiludido com a desatenção do mundo, mas não sem antes ter redigido um testamento em que doava o palacete da família a quem quer que provasse ter comprado e lido o seu único livro. O português exultou:

“E sabe uma coisa? O livro é bom!”




Pequenas pílulas sociolingüísticas

Velaí tedes diferentes propostas imaxinativas para crear conciencia sobre a necesidade de usarmos o galego. Imaxinades o efecto de que emitisen pola televisión estes (e outros) vídeos???
Por certo, xa mudei a ligazón do Ditame do Consello da Cultura Galega sobre o Decreto de plurilingüismo, que estaba mal.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Unha curta ben simpática...

... sobre Sarmiento, a escola, a aprendizaxe do galego..., e non só


http://www.youtube.com/watch?v=2-HfttcTuRw

Todos os días morren linguas...

... e estas noticias publícanse en todos os medios e fálase de procesos de extinción, mais parece que nada se move entre nós.
http://www.lavozdegalicia.es/ocioycultura/2010/02/04/00031265285202048249612.htm

Sobre semifalantes e o proceso de perda dunha lingua

Reflexiona sobre fenómenos onde poidamos detectar a existencia hoxe de numerosos semifalantes de galego a partir do seguinte texto:

                Como comeza primeiramente o cambio de lingua? Comeza coa decisión da comunidade de deixar de transmitir a súa lingua aos seus descendentes. O resultado é unha interrupción na transmisión da lingua. Por interrupción da transmisión entendo o paso directo dunha lingua dunha xeración á seguinte. O seu correlato pragmático son as estratexias de transmisión lingüística que, segundo nos revelan os máis recentes estudos interculturais sobre a adquisición de linguas, parecen ser parcialmente intuitivos e parcialmente específicos de cada comunidade (tradicionais). En todo caso, sempre implican un modo específico en que as nais (ou outros adultos transmisores) falan aos seus fillos -isto é o chamado "maternalés" polos especialistas en linguaxe infantil- así como repeticións, xogos exercitadores, correccións e outros tipos de meta-comunicación, especialmente discusións sobre a orde de palabras e unha forte tendencia a asistir e dar coraxe aos nenos e nenas nos seus esforzos por probaren a ferramenta lingüística. As estratexias de transmisión lingüística desempeñan un papel tremendamente importante na adquisición da lingua, cuxo impacto na morte de linguas será evidente na discusión posterior.
                Parece apropiado agora dicir unhas poucas palabras sobre as razóns para interromper a transmisión dunha lingua. Aínda que os motivos para unha tal decisión poidan variar dun caso a outro, especialmente nos seus detalles históricos (política lingüística restritiva nun caso, razóns económicas noutro), os estudos sobre as situacións de morte lingüística apuntan sempre a un elemento común: a existencia de fenómenos de presión socio-económica ou socio-psicolóxica que moven os membros dunha comunidade de fala economicamente máis débil ou minoritaria a abandonaren a súa lingua. Isto acontece -non sempre, mais decote- a través do desenvolvemento dunha actitude negativa, que culmina en dúbidas colectivas sobre a utilidade da lealdade lingüística. A actitude cara a lingua A non é enteiramente negativa; pode ser esquizofrénica, de xeito que a conservación da lingua se valora positivamente por unha razón e negativamente por outra. Por exemplo, de acordo coa miña experiencia co arvanitika e o arumano en Grecia, hai casos en que a xente aínda conserva unha actitude positiva cara a súa lingua en tanto que sinal da identidade de grupo mais negativa noutros aspectos: dise que a lingua debe ser abandonada "porque é fea e pouco útil". Debe asumirse que esta constelación caracteriza situacións en que hai unha política lingüística agresiva por parte da comunidade de lingua dominante que consciente e deliberadamente elabora criterios para a valoración negativa da lingua recesiva ou minoritaria.
                Pode ser de axuda interromper aquí por un intre para debuxar un esquema máis preciso das relacións implicativas de envoltura externa, conduta e consecuencias estruturais neste punto. Poñamos unha comunidade multilingüe, que -por razóns de tipo histórico- mostra unha distribución de linguas desnivelada. Por razóns políticas e/ou económicas este desequelibrio convértese na fonte de presión social que pode crear unha actitude negativa cara a lingua do grupo recesivo e levar á decisión de abandonar a lingua. A distribución desigual de linguas nunha comunidade bi- ou multi-lingüe sempre dá lugar a unha distribución complementaria de dominios, que consecuentemente leva á perda léxica ou a un desenvolvemento léxico defectivo nos dominios que favorecen á lingua dominante. Debido á restrición de dominios, o bilingüismo aumenta porque os falantes se ven forzados a aprenderen a lingua dominante para usala en dominios onde a lingua recesiva non pode usarse. Isto acrecenta a interferencia e a simplificación  (p. ex. a perda de sistemas morfo-fonémicos) mais a lingua A aínda pode permanecer como unha lingua funcionalmente intacta. No entanto, unha vez que se toma a decisión de abandonar A e a transmisión lingüística se ve interrompida, a situación cambia radicalmente. A lingua antes primaria A faise secundaria e comeza a mostrar serios signos de imperfección. Debido á falta de estratexias de transmisión lingüística, a única fonte de datos de A para o neno/a nena é o que ocasionalmente escoita no seu contorno. Porén a simple exposición a unha lingua non abonda, obviamente, para desenvolver un nivel de soltura normal. Ademais nunha situación en que case todos os dominios foron conquistados para a lingua T, A simplemente non será usada nun número importante de estilos (narrativo, formal, etc.). Desde a perspectiva sociolingüística, o uso restrinxido de A ten un efecto de retroalimentación na actitude negativa cara a A.
                É nese punto cando entramos na seguinte fase -quizais a crucial- no proceso de morte da lingua. Este período caracterízase por un fenómeno chamado decaemento lingüístico e que pode definirse como a desintegración lingüística que é típica da fala dos semi-falantes, isto é, a xeración falante que resulta da interrupción da transmisión. Cando un considerábel número de nenos e nenas nunha comunidade de fala bilingüe se suxeitan regularmente a estratexias de transmisión só nunha das linguas (e quizais  aínda se ven abertamente desaniman a adquiriren a outra) a consecuencia trivial é unha adquisición imperfecta da lingua cuxa transmisión se suprimiu. Os semifalantes caracterízanse por un imperfecto coñecemento de A. A súa morfoloxía é extremadamente defectiva e a perda de categorías importantes (tempo, aspecto, modalidade), aínda que esas categorías estean presentes en T. A súa fala adoito mostra unha simplificación sintáctica semellante aos pidgins e unha forte inseguranza no conxunto de formas e funcións. Dificilmente son capaces de dominar as distincións fonolóxicas de A e mostran estremas variacións na pronuncia.
Sasse, Hans-Jürgen (1992): "Theory of language death" in M. Brenzinger, Language Death. Factual and theoretical explorations with special reference to East Africa, Berlin-New York, Mouton-De Gruyter 1992, 7-30.


domingo, 23 de outubro de 2011

Probando a comprendermos outras linguas

Alguen comentou, e comentou moi ben, que vivimos nun continuum panrománico e que se non entendemos é polos prexuízos que nos paralizan. Velaí vai, pois, un conto en italiano para probardes. Ao comezo é un chisco difícil mais logo todo flúe moito mellor.
  Para as persoas que non puideren lelo, nuns días porei a versión en portugués, a lingua orixnal, porque o conto paga a pena.


Discorso sul fulgore della lingua

José Eduardo Agualusa





Il vecchio Firmino ci girava vagamente, sempre assorto, traviato, fischiettando nell’aria inzuppata delle misteriose litanie. Lo vedevo scendere le scale mentre inciampava sulle alliterazioni:





E fria, fluente, frouxa claridade

Flutua como as brumas de um letargo.





Una specie di oscurità usciva da lui, come da un abisso, mentre declamava Cruz e Sousa:





Vozes veladas, veludosas vozes,

Volúpias dos violoes, vozes veladas

Vagam nos velhos vórtrices velozes

Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.





Fernando Pessoa, questi, lo amava con un fervore ancor più grande. Lui e tutta la sua legione di eteronimi. Li pregava:





Mas em torno à tarde se entorna

A atordoar o ar que arde

Que a eterna tarde já não torna!

E em tom de atoarda todo o alarde

Do adornado ardor trastorna

No ar de torpor da tarda tarde.





Io mi lasciavo affondare “nell’aria del tardo pomeriggio”. Mi stendevo su una delle reti e subito cadevo in un sonno rapido, in qualche luogo ancora più a sud, tra torrenti d’acqua fresca, sotto un cielo nudo e metalico, in qualche spiaggia di velluto rinfrescata dalla brezza salata dell mare. Mi svegliano alcuni minuti dopo, fradicio di sudore, pazzo di sete, soffocato da quell’aria di acari. Uscivo dalla porta inciampando, attraversavo la strada e tramortivo bocconi sul bancone del bar lì davanti, implorando per amor di Dio una birra stupidamente ghiacciata.





Ero arrivato là come un naufrago, con lo zaino sulle spalle, e subito mi aveva affascinato l’improbabile alfarrabista, o sebo, nome più comune in Brasile, che occupava completamente i due piani di un affaticato edificio coloniale. Se io fossi un alfarrabista avrei un immenso daffare per organizzare ilo mio negozio in modo che sembrasse naturalmente disorganizzato. Un alfarrabista organizzato, metodico, mi suggerisce qualcosa di vagamente monstruoso, capace di offendere l’ordine naturalle delle cose, un po’ come una lucertola con due teste, un avvocato ingenuo, un generale pacifista. Alla maggior parte delle persone che frequentano il alfarrabista piace pensare che camminano in mezzo al caos e che nel mezzo di quel grave e silenzioso tumulto possono, improvvisamente, inciampare nella prima edizione dei Lusiadi al prezzo di un romanzo di Paulo Coelho. C’è stato un tempo romantico, in cui queste cose veramente potevano accadare. Un tempo in cui gli alfarrabistas ancora rispettavano il disordine. I nuovo professionisti di questo campo sono, disgraziatamente, molto bene informati e ancor meglio organizzati. Nel negozio del vecchio Firmino Carrapato, però, il disordine era legittimo e molto antico. Tre generazioni di Carrapato avevano contribuito con la loro lenta fatica a quello splendido caos. I libri si moltiplicavano ammucchiati al suolo o non allineati per metri e metri di incerti scaffali di alluminio, senza altra logica che non fosse quella del loro arrivo. Il vecchio Firmino aveva disposto cinque o sei retti attacate alle colonne, vicino ai larghi portoni aperti sulla strada, in modo che fosse possibile sfogliare i libri con una certa comoditá, pregando affinché la brezza del pomeriggio fosse capace di diminuire il caldo, sì, ma non suffientemente forte per transformare in irrimediabile polvere, pura polvere erudita, le carte antiche.

Io a Firmino gli piacevo. Gli suonò strano, all’inizio, il mio accento –da dove venivo? Dall’Angola?!- mi aveva guardato perplesso:



“In Africa?! E lì si parla portoghese?...”



Gli dissi sì, che parlavamo portoghese, così come molta gente in Mozambico, a Capo Verde, in Guinea Bissau, a Sao Tomé e Príncipe, a Timor e, chiaro, in Portogallo.



“No, questo no”, contestò il vecchio, “in Portogallo no. I portoghesi non parlano più portoghese”.



“In realtà”, aggiunse, “non si può neanche dire che parlano, questo fatto manca di dimostrazione”. Aveva visto, alcuni mesi prima, un film portoghese e non aveva capito una sola parola. Gli attori emettevano un vago mormorio, a bocca chiusa, come dei ventriloqui, con la differenza che i buoni ventriloqui parlano dall’ombelico proprio o altrui, parlano dai gomiti, parlano addriritura dalla bocca chiusa di un portoghese, e sempre con una relativa chiarezza. Argomentai, già un po’irritato, che la cosa era da addebitare alla quarente qualità tecnica del suono nei film portoghesi, come anche, è sicuro, alla cattiva dizione di alcuni degli attori, e poi ammisi che, in effetti, i film portoghesi dovevano essere mostrati con i sottotitolo non solo in Brasile, ma anche in Portogallo. Eravamo in questa discussione quando, sereno come un miracolo, entrò nel negozio un portoghese. Era un uomo mingherlino, ma al contempo solido e elegante, con il cranio rasato, una barbetta rada, ben disegnata, degli occhiali rotondi, d’argento, che dovevano esser l’erdità di un qualche antenato.



“Buon pomeriggio! Posso entrare?”



Anche lui parlava senza aprire la boca, ma sembrava simpatico, cosicché lo chiamai, gli presentai l’alfarrabista, e in poche parole lo misi al corrente della nostre discussione. Un piccolo lampo illuminò gli acchiali del portoghese e questi sorrise. La questione gli ricordava una tesi sostenuta da Agostinho da Silva. Forse la tesi di Agostinho ci sembrava un po’ bizzarra e senza supporto scientifico –ma era poetica. Disse ciò e si fece molto serio:



“La poesia ci azzecca più della scienza. In natura, per esempio, la bellezza è utilitarista, cioè, non esiste nell’universo fulgore senza utilità. Se gli scienziati andassero in cerca della belleza invece che della funzionalità arriverebbero più in fretta alla funzionalità”.



Secondo Agostinho da Silva, le lingue si affezionano alle geografie che colonizzano. In un orizonte ampio, disteso, l’accento è più aperto e in un paesaggio chiuso tende a chiuderse. Così, in Brasile, in Angola o in Mozambico le persone parlano la nostra lingua aprendo più le vocali, e alle Azzorre, a Madeira, nell Portogallo continentale, ma anche a Capo Verde, le chiudono.

Fu così, attraverso la ppesia, che il portoghese conquistò l’arduo cuore di Firmino Carrapato. Quel pomeriggio grufolò tranquillamente per i saloni, senza fretta, non esitando a disfare e rifare le pile polverose. Quando la luce già iniziava a declinare chiamò il vecchio. Firmino studiò lentamente i libri scelti dal portoghese. Leggeva il titolo ad alta voce, vedeva lo stato della costina, li soppesava. Uno dei essi, un grosso volume riccamenti rilegato sembrò intrigarlo:



“Discurso sobre o Fulgor da Língua? È stato un dottore di queste parti, del Maranhão, a scriverlo, ma non l’ha letto mai nessuno. È sicuro che lo vuole?”



Il portoghese annuì con la testa. Ilo vecchio mormorò qualcosa (mi sembrò di riconoscere un verso di Pessoa) e poi si strinse nelle spalle:



“Va bene, questo glielo regalo…”.



Una settimana dopo incontrai il portoghese in un bar di rastafariani. Era feloce come un fiume. Prima che gli domandassi qualsiasi cosa mi Mostrò una lettera:



“Chi troverà questo biglietto voglia cortesemente rivolgersi al mio avvocato, a São Luís do Maranhão, con la copia del libro in cui l’ha trovato”. Poi c’era il nome e l’indirizzo dell’avvocato.



Il portoghese sorrise:



“Non ci crederà: ho ereditato un intero isolato ad Alcântara!”



Il biglietto era stato scritto dall’autore del grosso volume che il vecchio Firmino gli aveva regalato. Il disgraziato era morto anni fa, deluso dall’indiferenza del mondo, ma non senza prima aver redatto un testamento in cui donava il palazzo di familia a chiunque avesse provato di aver comprato e letto il suo unico libro. Il portoghese esultò:



“E, sa una cosa? Il libro non è male”.








Onde fica a xente?

As almas do Fental, unha triste realidade: http://www.youtube.com/watch?v=iGrIccsKf8g

Galegofobia recente

Había persoas que non sabían nada destas declaracións que mostran como continúan a existir moitos preconceptos sobre a nosa lingua. Velaí vai a ligazón: http://www.youtube.com/watch?v=O4iUzyVQTIM

Ampliación do debate sobre os últimos decretos

Para vos informardes sobre os debates arredor das propostas de modificación do Decreto 124/2007, podedes ler, entre outros, o Ditame do Consello da Cultura Galega, o da Real Academia Galega e o das universidades. Velaí tedes as ligazóns:













quarta-feira, 5 de outubro de 2011

BENVIDA!!!

Velaquí o caderno dixital da materia Educación e Linguas da Universidade da Coruña.
Esta ferramenta de traballo, que permite adecuares o teu achegamento á materia co teu horario particular, vainos acompañar non só nas cinco semanas iniciais en que teremos sesións que deben contar coa túa presenza física, senón que continuará aínda até finais do primeiro cuadrimestre, pois será un recurso para os membros do grupo permanecermos en contacto ao longo dos próximos meses. Poderemos así tratar e desenvolver os contidos das aulas, poderemos debater sobre calquera tema relacionado coa materia e tamén, por que non?, darnos avisos, recomendar libros, filmes, recitais, concertos...
Abrirei para cada clase, cando menos, unha entrada cun texto ou exercicio e despois de cada aula incluirei tamén entradas para vós reflexionardes sobre as lecturas que fixemos ou os debates que xurdiron. Igualmente haberá entradas para comentardes as lecturas obrigatorias e irdes enriquecendo o voso coñecemento coas opinións e recomendacións das outras persoas do grupo. Por suposto, se desexares abrir unha entrada, non tes máis que suxerilo e así o farei.
A concepción que paira sobre esta caderno é a de ser o proceso de aprendizaxe un camiño para participares, para debateres, para mostrares a túa opinión..., tamén para mudares e para te achegares @s outr@s, para seres, despois desta experiencia, outra persoa.
Benvida, benvido!!!